Suely Carvalho

Parteira Tradicional, Griô, Rezadeira, Curandeira xamânica, leitora de Aura, Mestra da Escola de Aprendizes de Parteira na Tradição, Fundadora do CAIS do Parto, Coordenadora da Rede Nacional de Parteiras Tradicionais do Brasil e Vice-presidente da ALAPAR.

Roda de Casais Grávidos

Todas às terças-feiras o CAIS do Parto atente gestantes e casais para troca de informações e orientação para a gestação saudável e o parto natural, na Rua 13 de Maio, n° 121 - Carmo, em Olinda-PE.

Doulas na Tradição

A formação de Doulas pelo CAIS do Parto/Luz tem base na ancestralidade, oralidade e espiritualidade, que é transmitida pela experiência na Tradição, tendo como objetivo formar acompanhantes de parto que possam proporcionar conforto físico, apoio emocional e holístico durante o trabalho de parto, parto e pós-parto.

Rede Nacional de Parteiras Tradicionais

A Rede Nacional de Parteiras Tradicionais foi criada em 1996, no âmbito da ONG CAIS do Parto, durante o I Encontro de Parteiras Tradicionais, em Nova Jerusalém/PE. Coordenada por Suely Carvalho reúne parteiras em torno das seguintes diretrizes: facilitar a troca de experiências, interligar as parteiras tradicionais, estimular o processo educativo e a organização de classe em associações para lutar pelo reconhecimento e regulamentação do ofício.

CAIS do Parto

Fundada em 5 de julho de 1991, com sede em Olinda/PE, a organização fundamenta-se nos Direitos Humanos, nos Direitos Reprodutivos e no desenvolvimento sustentável, atuando nas áreas de Saúde, Gênero, Cidadania, Educação, Ecologia e Cultura.

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

As Parteiras tradicionais e a realidade da violência contra as mulheres

Poderíamos refletir longamente sobre por que a violência, especificamente a física, contra as mulheres é maior nos centros urbanos se comparadas à realidade do campo. Não se trata de que os homens campesinos sejam menos machistas, a questão é que as mulheres campesinas têm mais atitude e menos “constrangimento” de expor sua vida privada.

Acostumadas ao isolamento e solidão decorrentes da exclusão social, essas mulheres desenvolvem mecanismos de solidariedade e auto-ajuda em sua pequena comunidade. Lá, no interior rural do País existe mais autenticidade e menos hipocrisia nas relações familiares e afetivas. Se o homem é bêbado, ele é e pronto; não se esconde esse fato. Se o homem tem hábito de espancar a mulher, não se tranca portas e janelas para o ritual da violência. Mulheres e crianças gritam, correm para o terreiro, fogem. Vizinhos tentam ajudar a mulher espancada e as crianças. E o homem, no dia seguinte, está cabisbaixo envergonhado do que praticou, embora não seja a primeira nem a última vez.

É nesse contexto que a Parteira Tradicional assume seu papel de liderança comunitária e faz sua intervenção diretamente junto ao agressor. Diferentemente de como se diz na cidade “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, a Parteira mete sua colher sim, acolhendo a mulher e as crianças e chamando a atenção do agressor, ameaçando levá-lo à polícia e alertando sobre a possibilidade de perder sua família. Por um bom tempo o fato não se repete. O problema é que esse comportamento termina sendo um círculo vicioso exclusivamente por falta da presença do estado enquanto protetor das leis e estruturador dos equipamentos sociais. Sem a presença e ação do estado de direito, nem Parteiras, nem outras lideranças ou as próprias mulheres podem efetivar soluções.

Em 2003, o C.A.I.S. do Parto desenvolveu em parceria com o Programa de Apoio a Projetos em Sexualidade e Saúde Reprodutiva (PROSARE) o projeto “Parteiras pela Paz” nos Estados do Amapá, na Região do Baixo Amazonas do Pará e em Pernambuco. Foram capacitadas 150 Parteiras Tradicionais para organizarem núcleos de Parteiras pela Paz em suas regiões. A metodologia facilitava para que as participantes identificassem a origem da violência sexual e doméstica localizando em suas famílias desde a ação mais remota possível até como contemporaneamente se reproduz e perpetua esse comportamento.
Foram encontros com suas próprias realidades e a percepção da ausência de políticas públicas e equipamentos sociais para a transformação dessa perversa realidade a que mulheres e crianças estão submetidas.

Em nosso dia a dia no C.A.I.S do Parto atuamos diretamente com casais grávidos desenvolvendo metodologia que facilita a compreensão das desigualdades nas relações de gênero e oportuniza as mudanças a partir da gravidez, de como pai e mãe vão orientar seu filho ou filha em relação aos papéis do homem e da mulher na sociedade. Igualmente, refletimos sobre os prejuízos que a hegemonia de um determinado sexo em detrimento do outro causa para toda a humanidade.

Participamos da campanha dos 16 dias de luta contra a violência contra a mulher coordenada pela AGENDE-DF, em que envolvemos todos os nossos públicos; além das Parteiras através da Rede Nacional de Parteiras Tradicionais, jovens adolescentes dos nossos projetos e casais grávidos do grupo de trabalho que se reúne semanalmente em nossa sede.

O tema gênero é transversal à todas as atividades e projetos da entidade portanto, estamos permanentemente na luta pela erradicação da violencia contra a mulher, violencia sexual e doméstica revendo conceitos, valores intra familiares e códigos sociais.

Por Suely Carvalho, Parteira Tradicional, fundadora do C.A.I.S do Parto e coordenadora da Rede Nacional de Parteiras Tradicionais.

Fundamentação do tema FELICIDADE

A felicidade é um estado de espírito, uma sensação de bem estar sem ansiedade, é um sentimento, portanto é “in”, é pessoal, individual. Pode ser compartilhado se os(as) indivíduos estiverem no mesmo tom, na mesma sintonia e porque têm valores semelhantes. Este valor não é a valoração do que promoveu o sentimento de felicidade, mas, é enquanto valor de vida que compõe um elenco de valores que define o sentido da existência das pessoas. “Eu sou assim, gosto disso não gosto disso acredito nisso não acredito nisso”, e mais algumas definições de conceitos paradigmáticos que costumamos chamar de princípios, ou seja, eu me comporto de acordo com meus princípios.

A felicidade é assim, a sementinha está dentro de nós, nos nossos princípios. É algo exclusivamente pessoal e por estar dentro de nós ninguém pode tirar, roubar, anular e também é intransferível.

Ao longo das ultimas décadas houve uma desconstrução dos princípios que quando realizados geram a felicidade e, em seu lugar a construção de uma grave distorção do conceito de felicidade. O bem estar provocado por subjetividades estruturadoras, por trocas afetivas, integração holística do Ser, tudo que gerava felicidade perene foi substituído pelo bem estar material e a subjetividade exclusivamente ligada ao status social, tudo é externo de fora para dentro.

A felicidade, de verdade, é de dentro para fora e, portanto está ao alcance de todas as pessoas, entretanto, é necessário um resgate de valores, rever princípios e dar a verdadeira dimensão ao bem estar material para que este não ocupe lugar indevido e que gera tanta tristeza, sofrimento, frustrações e baixa auto-estima. Essa inversão de valores coloca a felicidade a uma distancia inatingível e nessa busca impraticável geram ansiedade, decepções, frustrações, mágoas, rancores, brigas, disputas, ambiente completamente árido e insalubre para a felicidade.

Quando perguntamos às mulheres a definição de felicidade geralmente dizem; “os filhos estarem bem, saúde, o marido bem empregado, a casa tranqüila” os homens dizem “ter um bom emprego, dinheiro, a família estar bem”. Dificilmente as pessoas falam da sua felicidade como algo seu, interno, individual.

A felicidade é um estado de paz, alegria, serenidade, prazer

Ao contrário do que crê a maioria das pessoas, felicidade não é um estado de excitação, euforia, fantasia, festa.

Estar feliz não significa que os problemas foram TODOS resolvidos.

Estar feliz não significa que temos tudo que precisamos e/ou desejamos.

Estar feliz não significa ter poder sobre pessoas.

Estar feliz não significa que a morte não virá para nós.

Estar feliz não significa que estamos acima do bem e do mal.

Felicidade pode conviver com adversidades, perdas, pobreza, solidão, cansaço. É uma outra compreensão da vida e do viver, do Ser e do existir.

Seguramente em torno da felicidade giram os sentimentos de perdão, tolerância, humildade, segurança.
Quem consegue a felicidade e a reconhece é uma pessoa sábia e quem tem sabedoria simplesmente É, sem precisar recorrer ao marketing pessoal.

A felicidade apresenta sinais específicos

Alimenta-se bem dando ao alimento sua verdadeira importância e, portanto não é obeso nem bulêmico.
Não permite que o stress se estabeleça por conseqüência não tem insônia dorme as horas necessárias nem mais nem menos.

A sexualidade é bem resolvida.

Não tem pitis ou ataques ou picos de humor.

Sabe ouvir.

Consegue perdoar.

Emociona-se com a beleza da natureza inclusive humana.

Sabe ser tolerante, é calmo(a).

Tem sentimento de gratidão.

Nas adversidades não entra em pânico, nem se desespera, mas tenta ser resolutivo(a).

Olha e vê

Tem humildade para reconhecer os próprios erros.

Respeitar seus limites.

Sabe que não precisa atropelar ninguém porque o que é seu ninguém vai tirar porque só serve pra você e em você.

Sabe dar e sabe receber

Tem consciência que tempo é vida e, portanto não se deve “matar o tempo”, sabe que cada dia é único, inédito e não volta mais.

Quando alguém é feliz se vê no brilho dos olhos, na serenidade, na beleza interior que transparece em todo Ser e fazer.

Ser feliz é a missão de vida de todas as pessoas, mas a felicidade não “aparece”, não “cai do céu”, não é comprada ou barganhada.

A felicidade é uma autodeterminação e uma construção. Quando as pessoas se apropriam desse conhecimento e conseguem seguir nessa construção estarão consolidando sua auto-estima que já é um grande passo para a inclusão social, mas principalmente para sua auto-gestão e dignidade. Com este saber não dependem de outras pessoas para ser feliz é sua busca, sua autonomia. Quem é feliz é livre.

AO PASSAR PELA VIDA VI EM ALGUNS CANTINHOS DO MEU CAMINHO A FELICIDADE ESTACIONADA, VIBREI, MAS NÃO CONSEGUI INCORPORA-LA, ME FALTARAM AS FERRAMENTAS ADEQUADAS.

SEGUI EM FRENTE FRUSTRADA, MAS TENDO A CERTEZA QUE A FELICIDADE EXISTE PORQUE EU A VI EM ALGUNS MOMENTOS DA MINHA VIDA. SE EU TIVESSE A OPORTUNIDADE DE ACESSAR OS INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS EU PODERIA TER SIDO FELIZ A MAIOR PARTE DO MEU VIVER.

Por Suely Carvalho, Parteira Tradicional é fundadora do C.A.I.S do Parto e coordenadora da Rede Nacional de Parteiras Tradicionais.

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Comunicação e educação

Disseminar e ampliar o alcance de projetos que promovem a utilização das diversas mídias por jovens e educadores em redes de ensino do país. É com este objetivo que acontece, nos dias 16 e 17 de novembro, em Belo Horizonte, Minas Gerais, o Fórum de Comunicação e Educação. O evento é promovido pela organização não-governamental mineira Oficina de Imagens Comunicação e Educação, integrante da Rede de Agências dos Direitos da Infância (Rede ANDI). O fórum é uma reunião de organizações, gestores públicos, redes de ensino, universidades, escolas, educadores e comunicadores para debater as relações entre comunicação, educação e participação, trocar experiências e articular ações conjuntas.

Durante o evento serão apresentadas experiências de organizações de oito estados brasileiros que, através da sistematização e disseminação de seus projetos em redes públicas de ensino, estão contribuindo para a formulação e implantação de políticas públicas na área da Educação. O Fórum vai reunir educadores, comunicadores, universitários, gestores públicos e ONGs em debates e painéis temáticos, apresentações de projetos e mostras de produtos de comunicação desenvolvidos por jovens e professores.

As inscrições custam R$200,00 para público em geral, R$100,00 para integrantes de ONGs e R$50,00 para estudantes. Mais informações sobre o evento e inscrição no endereço eletrônico www.latanet.org.br.

O Fórum tem a parceria da Rede de Comunicação, Educação e Participação (CEP), composta por 12 organizações brasileiras, realizadoras de projetos de promoção de acesso à comunicação, educação e participação, com a proposta de disseminar métodos e experiências de práticas comunicativas no ensino para crianças e adolescentes. Também são parceiros do evento, o Unicef, Prefeitura de Belo Horizonte, Fundação Avina, Instituto C&A, Universidade UNA e Rede ANDI. (Fonte: Adital)