Depoimentos

Nesta página iremos compartilhar relatos sobre a equipe CAIS do Parto, sua atuação, e o apreço por Suely Carvalho, a fundadora deste trabalho que há mais de 20 anos realiza atendimentos com gestantes, nas Rodas de Casais e, em parto domiciliares, em Olinda/PE, e também pela América Latina.


Por Débora Amorim, Doula, fotógrafa e Aprendiz de Parteira, em julho de 2013

A Parteira Suely Carvalho havia sido convidada para participar do programa da Fátima Bernades, Parteiras Urbanas na TV. A produtora do programa sofreu uma pressão por parte dos ativistas da humanização do parto, para que a Suely Carvalho fosse substituída por uma enfermeira obstetra, pois ela não representava as Parteiras Urbanas. Que eu saiba, PARTEIRA nessa história é a Suely, as outras são enfermeiras obstetras. Nada contra as enfermeiras obstetras, respeito o trabalho delas, acho de suma importância, quero que se multipliquem na assistência ao parto, mas respeitem as Parteiras.Quem se apropriou da palavra Parteira? Pra mim, parteira é uma mulher que conhece sobre o processo do parto e acompanha mulheres que vão parir em casa. Por que enfermeiras obstetras se apropriaram da palavra Parteira e acham que somente elas são parteiras urbanas? Parteira urbana, é uma Parteira que atende em centros urbanos, com responsabilidade, com respeito àquela mulher que vai parir, que conhece e sabe reconhecer um risco, que vai tomar as medidas necessárias na hora de uma emergência. Já pensou se as parteiras (no sentido genuíno da palavra) protestassem contra a apropriação que as obstetrizes e enfermeiras obstetras fizeram da palavra? Parteira é parteira e enfermeira é enfermeira. Então porque as enfermeiras não se intitulam enfermeiras obstetras domiciliares. Tá na moda se dizer Parteira né? Por favor, respeitem as parteiras!

Por que somente o conhecimento acadêmico é reconhecido? 

Quem disse que uma pessoa que sai de uma Universidade tem mais conhecimento do que outra que aprendeu na prática, recebendo conhecimento através da oralidade? Estamos contra justamente a esse ensino, que nada ensina sobre saúde, sobre parto natural. São justamente esses profissionais formados pela academia, os médicos, que estão cometendo violências contra as mulheres dentro dos hospitais, que não têm a mínima noção do é parir. 
Ah, mas eles se formaram, têm um canudo nas mãos! 

Então, não é o conhecimento formal que tem que ser reconhecido, mas o conhecimento em si, independente de onde ele vem. 

A Suely Carvalho é uma Parteira, com um conhecimento vasto sobre parto e pode sim, representar as Parteiras Urbanas em programa de TV.


Por Marcela Molk, em julho de 2013

Sou Marcela, tenho 31 anos, sou mãe de 2 filhos. Tive o privilégio de ter parido em casa, pelas mãos da parteira tradicional Suely Carvalho. Ainda hoje, seis meses depois do parto, me emociono com as lembranças daqueles dias. Ela realizou um trabalho com total dedicação, sabedoria e amor.

Soube que ela teria uma participação no programa “Encontros” com Fátima Bernardes, mas que isso foi cancelado. Eu particularmente não vejo o programa, mas estava ansiosa por assistir a entrevista com a Suely.

Gostaria de contar um pouco de mim e da minha decisão ter escolhido a Suely como minha parteira.

Um ano antes de engravidar da minha segunda filha, eu já procurava por um profissional “humanizado”. Não sabia ao certo o que realmente buscava. Só queria ter a oportunidade de viver o parto natural novamente, como havia sido com meu primeiro filho, fora do Brasil. 
Foi rápido, tranquilo, respeitoso e... simples! Já no Brasil conversei com muitos médicos, enfermeiras obstétricas, mas já nesses primeiros encontros percebi que eu precisava de muito mais do que apenas a “humanização” que eles me ofereciam. Notei que alguns pontuavam a diferença entre parteiras tradicionais e parteiras urbanas. No inicio, não via nenhuma diferença, afinal todas são parteiras, e todas buscam o mesmo resultado: oferecer à mulher a oportunidade de viver um parto respeitado e natural. Depois de algumas conversas, a diferença foi ficando clara: ego x tradição.

Minha breve experiência com uma das que se intitulava “parteira urbana” foi a seguinte: Má informação e preconceito sobre as parteiras tradicionais. Aqui, o trecho de um e-mail de resposta de uma enfermeira obstetra que atende partos domiciliares na minha região: “Marcela, não existem mais parteiras tradicionais em atuação nessas cidades grandes.
Só nordeste, norte, regiões remotas.

A mesma coisa me disse uma médica do SUS, que poderia realizar um parto normal no hospital, mas com todas as intervenções possíveis: “Ah, parteira só existe lá no interiorzão, onde não tem médicos...” . Realmente não sei se estes profissionais não sabem que no Brasil há cerca 60 mil parteiras tradicionais espalhadas ou se só queriam vender o próprio peixe. 

Outra coisa que me incomodou foi a insistência na equipe já formada. Percebi claramente que há uma espécie de “grupo” fechado entre elas. Havia uma pressão para contratar aquela equipe especifica, até fotógrafo. A doula que eu já tinha em mente “até poderia participar”, mas era claro que a equipe era fechada, e me senti pressionada por esse fato, da mesma maneira que um médico cesarista pressiona a gestante para uma cesária desnecessária. Mais uma vez, isso não tem nada a ver com humanização. Além disso, por viver afastada da cidade, meu grande medo era que eu não chegasse a tempo no hospital ou que a equipe não conseguisse chegar na minha casa (no caso de um parto domiciliar). Meu primeiro filho nasceu em duas horas, após eu ter percebido que estava em trabalho de parto. E nenhum desses profissionais estaria disposto a estar “de plantão” na minha casa ou próximo a ela casa, caso fossem contratados, era um risco que eu teria que correr. 

De nenhuma maneira quero desclassificar as enfermeiras obstetras ou médicos que atuam em partos domiciliares. Sim, há profissionais muitos competentes e que bom que eles estão se multiplicando no Brasil. O que não aceito é que as verdadeiras PARTEIRAS sejam subestimadas. Não é o diploma que humaniza um profissional, é a sua atitude. Não é um diploma que dá segurança a um profissional, é a EXPERIÊNCIA! Qualquer médico que quisesse poderia passar a atender partos em casa, mas isso não fará dele um “parteiro”, muito menos médico humanizado. Não dá pra competir alguns anos de faculdade com milênios de história de tradição, formação e sabedoria. Este fato não pode ser ignorado! É mais uma maneira disfarçada de monopolizar o corpo da mulher.

Há muito “estrelismo” nesse meio. As mulheres que buscaram por um parto natural ou domiciliar sabem do que estou falando. Mas as parteiras tradicionais SEMPRE existiram,não seguem uma moda, não precisam de propaganda, nem estão aí porque a Gisele Bündchen decidiu parir em casa. Não há nada de diferente em parir, e é por isso que partejar é a mesma profissão há milhares de anos! E há dúvida de que a Suely Carvalho é a pessoa que melhor representa esse oficio no Brasil??? É só olharem para a sua experiência, para as coisas que ela move, para o respeito que profissionais do Brasil e do mundo inteiro tem por ela, basta olharem para a gratidão de tantas famílias que as dúvidas desaparecem.

E só para terminar: Se não fosse a Suely, nenhum outro profissional estaria disposto a estar na minha casa durante dias, só aguardando o nascimento. Quando minhas dores começaram de fato, só tivemos 40 minutos até que minha pequena nasceu.


Por Carolina Ferretti e Ricardo Sawaya sobre o nascimento de Otto

Somos artistas, somos responsáveis, somos conscientes e quando o nosso primeiro filho estava para nascer decidimos oferecer o que consideramos ser a verdade à ele. 

E para ter sucesso em nosso objetivo escolhemos para acompanhar o parto Suely Carvalho, uma parteira tradicional extremamente profissional. Cuidou da nossa família antes, durante e depois do parto. Sempre nos passou confiança e foi assim que nos sentimos durante todo tempo. 

O parto foi trabalhoso e exigente para nós e para toda a equipe. Foram 24 horas de atenção, cuidados e profissionalismo.

Nosso filho nasceu muito bem e nós também ficamos bem.

Suely Carvalho é de confiança, é responsável, é uma profissional dos partos e somente quem conhece essa mulher pode dizer com propriedade que fez a melhor escolha.

Só nos resta lamentar por aqueles que falam com leviandade ou não sabem o que falam.

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