A felicidade é um estado de espírito, uma sensação de bem estar sem ansiedade, é um sentimento, portanto é “in”, é pessoal, individual. Pode ser compartilhado se os(as) indivíduos estiverem no mesmo tom, na mesma sintonia e porque têm valores semelhantes. Este valor não é a valoração do que promoveu o sentimento de felicidade, mas, é enquanto valor de vida que compõe um elenco de valores que define o sentido da existência das pessoas. “Eu sou assim, gosto disso não gosto disso acredito nisso não acredito nisso”, e mais algumas definições de conceitos paradigmáticos que costumamos chamar de princípios, ou seja, eu me comporto de acordo com meus princípios.
A felicidade é assim, a sementinha está dentro de nós, nos nossos princípios. É algo exclusivamente pessoal e por estar dentro de nós ninguém pode tirar, roubar, anular e também é intransferível.
Ao longo das ultimas décadas houve uma desconstrução dos princípios que quando realizados geram a felicidade e, em seu lugar a construção de uma grave distorção do conceito de felicidade. O bem estar provocado por subjetividades estruturadoras, por trocas afetivas, integração holística do Ser, tudo que gerava felicidade perene foi substituído pelo bem estar material e a subjetividade exclusivamente ligada ao status social, tudo é externo de fora para dentro.
A felicidade, de verdade, é de dentro para fora e, portanto está ao alcance de todas as pessoas, entretanto, é necessário um resgate de valores, rever princípios e dar a verdadeira dimensão ao bem estar material para que este não ocupe lugar indevido e que gera tanta tristeza, sofrimento, frustrações e baixa auto-estima. Essa inversão de valores coloca a felicidade a uma distancia inatingível e nessa busca impraticável geram ansiedade, decepções, frustrações, mágoas, rancores, brigas, disputas, ambiente completamente árido e insalubre para a felicidade.
Quando perguntamos às mulheres a definição de felicidade geralmente dizem; “os filhos estarem bem, saúde, o marido bem empregado, a casa tranqüila” os homens dizem “ter um bom emprego, dinheiro, a família estar bem”. Dificilmente as pessoas falam da sua felicidade como algo seu, interno, individual.
A felicidade é um estado de paz, alegria, serenidade, prazer
Ao contrário do que crê a maioria das pessoas, felicidade não é um estado de excitação, euforia, fantasia, festa.
Estar feliz não significa que os problemas foram TODOS resolvidos.
Estar feliz não significa que temos tudo que precisamos e/ou desejamos.
Estar feliz não significa ter poder sobre pessoas.
Estar feliz não significa que a morte não virá para nós.
Estar feliz não significa que estamos acima do bem e do mal.
Felicidade pode conviver com adversidades, perdas, pobreza, solidão, cansaço. É uma outra compreensão da vida e do viver, do Ser e do existir.
Seguramente em torno da felicidade giram os sentimentos de perdão, tolerância, humildade, segurança.
Quem consegue a felicidade e a reconhece é uma pessoa sábia e quem tem sabedoria simplesmente É, sem precisar recorrer ao marketing pessoal.
A felicidade apresenta sinais específicos
Alimenta-se bem dando ao alimento sua verdadeira importância e, portanto não é obeso nem bulêmico.
Não permite que o stress se estabeleça por conseqüência não tem insônia dorme as horas necessárias nem mais nem menos.
A sexualidade é bem resolvida.
Não tem pitis ou ataques ou picos de humor.
Sabe ouvir.
Consegue perdoar.
Emociona-se com a beleza da natureza inclusive humana.
Sabe ser tolerante, é calmo(a).
Tem sentimento de gratidão.
Nas adversidades não entra em pânico, nem se desespera, mas tenta ser resolutivo(a).
Olha e vê
Tem humildade para reconhecer os próprios erros.
Respeitar seus limites.
Sabe que não precisa atropelar ninguém porque o que é seu ninguém vai tirar porque só serve pra você e em você.
Sabe dar e sabe receber
Tem consciência que tempo é vida e, portanto não se deve “matar o tempo”, sabe que cada dia é único, inédito e não volta mais.
Quando alguém é feliz se vê no brilho dos olhos, na serenidade, na beleza interior que transparece em todo Ser e fazer.
Ser feliz é a missão de vida de todas as pessoas, mas a felicidade não “aparece”, não “cai do céu”, não é comprada ou barganhada.
A felicidade é uma autodeterminação e uma construção. Quando as pessoas se apropriam desse conhecimento e conseguem seguir nessa construção estarão consolidando sua auto-estima que já é um grande passo para a inclusão social, mas principalmente para sua auto-gestão e dignidade. Com este saber não dependem de outras pessoas para ser feliz é sua busca, sua autonomia. Quem é feliz é livre.
AO PASSAR PELA VIDA VI EM ALGUNS CANTINHOS DO MEU CAMINHO A FELICIDADE ESTACIONADA, VIBREI, MAS NÃO CONSEGUI INCORPORA-LA, ME FALTARAM AS FERRAMENTAS ADEQUADAS.
SEGUI EM FRENTE FRUSTRADA, MAS TENDO A CERTEZA QUE A FELICIDADE EXISTE PORQUE EU A VI EM ALGUNS MOMENTOS DA MINHA VIDA. SE EU TIVESSE A OPORTUNIDADE DE ACESSAR OS INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS EU PODERIA TER SIDO FELIZ A MAIOR PARTE DO MEU VIVER.
Por Suely Carvalho, Parteira Tradicional é fundadora do C.A.I.S do Parto e coordenadora da Rede Nacional de Parteiras Tradicionais.